Amigos,
Em virtude de algumas perguntas que nos são feitas por amigos motociclistas que pretendem fazer alguma viagem para a Argentina, Uruguai e/ou Chile, resolvemos colocar a disposição de todos nossa experiência.
NO BRASIL
Com referência as estradas brasileiras, me parece que qualquer comentário se torna desnecessário, vez que habitulamente todos percorremos, de moto ou de carro, o nosso e outros Estados da Federação. Contudo, convém ressaltar que de todos os países antes citados, infeliz e lamentavelmente, as piores estradas são as nossas. Tanto no aspecto conservação (péssimas) quanto no volume de tráfego (intenso).
Uma pequena excessão está, apenas e tão somente, nas estradas pedagiadas e em uma ou outra via já duplicada, fora isto, toda cautela se faz necessária ao trafegar, implicando, por conseguinte, em redução de velocidade e olhos acurados.
Outra aspecto a ser destacado são os radares, normalmente se põem nas proximidades (de 3 a 5 km) dos Postos Policiais e mais raramente em maior distância.
NA ARGENTINA
As estradas na Argentina, de um modo geral são muito boas, com bom asfalto, boa sinalização e em permanente manutenção.
A velocidade permitida, em regra, varia entre 110 e 130km/h (esta última nas auto-pistas).
Embora as estradas sejam de boa qualidade, importante ficar atento à movimentação de equipamentos agrícolas (tratores, colhetadeiras de grande porte e até um assemelhado do nosso "girico") nas regiões de plantações de soja, trigo e outras.
Uma das características daquelas estradas é a falta de acostamento. Algumas até os possuem, porém, ou são de grama ou de "barro fofo" que enganam direitinho ao desavisado, pois a parte superior aparenta ser bem sedimentada, mas na verdade não é. Já tivemos amigos que por necessidade buscaram o acostamento para uma parada e acabaram atolando e derrubando a moto. Em dia de chuva esqueça totalmente o acostamento.
Alguns meses atrás um canal de televisão fez um denúncia séria quanto a cobrança de propina por alguns maus policiais da "Policia Caminera", da Argentina, mais precisamente na região de Santa Fé, o que aparentemente acabou com a "farra".
Um dos itens que mais favorece a extorsão é o famoso "SEGURO CARTA VERDE". Examinando a legislação tem-se que a exigência é descabida, porém, até nas fronteiras já tivemos problemas, o que nos obrigou a retornar ao Brasil para providenciar o tal seguro.
Ocorre que para as seguradoras o "Seguro Carta Verde" inexiste para moto, assim, elas NÃO FAZEM o Seguro. Sabe o que acontece? O despachante preenche o documento e: ou não recolhe o valor (mas você paga para ele) ou dias depois, caso feito o pagamento, a seguradora o comunica formalmente que não aceita o seguro, extorna a importância e ele recebe a quantia para lhe devolver (eu desconheço um caso de devolução).
De igual forma, a seguradora recebe o valor, mas como o prazo da vigência já expirou, ela fica com o dinheiro e pronto.
Portanto, entre ser extorquido por um mau integrante a Polícia Caminera que ainda poderá lhe causar diversos outros problemas na estrada, acho preferível admitir "o papel de otário" e pagar o seguro (eu já fiz este papel várias vezes).
Outro motivo para extorsão é o porte do "Mata Fuego" ou Extintor de incêndio. Sugiro que levem junto com toda documentação, a Lei que trata da matéria, ela vai ajudar bastante para se livrar da "mordida".
Por justiça, bom que se diga, que os maus policiais, felizmente, são em um pequeno número.
Normalmente os corretos nos solicitam, educada e gentilmente, os documentos pessoais e da moto, fazem algumas poucas perguntas e imediatamente liberam.
Importante o comportamento recíproco nesta hora. Trate de retirar o capacete, não faça brincadeiras ou esboce contrariedade, não queira se mostrar "superior", afinal, alí você é apenas um motociclista fora casa.
Não raras vezes alertam sobre as condições da estrada por onde estamos trafegando, alertando sobre eventuais pontos críticos desejando, por fim, uma boa viagem.
Uma coisa é certa: a curiosidade maior são mesmo as motos. Eles adoram vê-las e fazer as mais diversas perguntas, especialmente sobre "quanto custa".
Uma vantagem é que na Argentina as motos não pagam pedágios.
Devido a grande quantidade de automóveis, camionetes e caminhões em mau estado de conservação, tome muito cuidado com óleo no asfalto e com manobras de inopino (eles raramente sinalizam o que pretendem fazer).
NO CHILE
As estradas são perfeitas, sem buracos, excelente sinalização e as cabeceiras de pontes sem nenhuma saliência (os engenheiros de pontes e estradas deles são bons).
A Polícia Chilena - Carabineiros - são extremamente sérios, rigorosos e intransigentes no seu trabalho.
No Chile o sinal de "PARE" é "Pare mesmo". Deve parar a moto, colocar o pé no chão, olhar para os dois lados e só então seguir.
Uma curiosidade é que esse procedimento deve ser feito, inclusive e inacreditavelmente, no Deserto do Atacama. Existem "olheiros" (onde estão eu não sei) que denunciam à Policia e aí a multa é certa, sem choro.
No Chile as regras de trânsito são muito rigorosas e não comportam discussão.
Quanto aos pedágios, o Chile difere da Argentina, pois na maioria dos pedágios motos pagam.
NO URUGUAI
As estradas do Uruguai, de uma maneira geral são boas. Na região de Rivera, no sentido de quem vem de Córdoba/Arg, a estrada deixa a desejar em alguns pontos, o que implica em cuidado maior, mesmo assim, ainda são melhores que as nossas.
A Polícia não causa nenhum problema, ao menos até hoje nunca me pararam para pedir documento ou o que quer que seja.
Nas proximidades de Chuy, em solo Uruguaio, parte da estrada serve também como pista de pouso de emergência para aviões. Está sinalizada e é mais larga, fácil de perceber.
AS FRONTEIRAS
De um modo geral as fronteiras, como toda fronteira, tem um clima mais agitado, mais pesado, vez que é comum as pessoas se acercarem das motos para oferecer serviços e câmbio de moeda.
Na Argentina e Uruguai existe a exigência do já mencionado "Seguro Carta Verde", dicutível para nós, porém, sempre exigida sua apresentação para ingresso no País.
Nestas fronteiras, Argentina, Uruguai e Chile, basta o uso da Carteira de Identidade, atualizada. Aquela antiga (até 2002) e já desgastada pelo uso, pode lhe trazer sérios aborrecimentos, ou seja, não vai entrar no País.
Sugerimos que os equipamentos eletrônicos que estiver portando sejam declarados na Receita Federal, especialmente máquina fotográfica digital, filmadoras, GPS e notebook. Isso poderá evitar problemas no retorno ao Brasil.
Evite contratar pessoas que oferecem serviços em fronteiras, pois além de caro, o serviço é inseguro. Nas fronteiras do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, a tramitação é bastante simplificada e os próprios funcionários o encaminham ao lugar certo.
Procure fazer câmbio de moeda, o mínimo necessário, pois frequentemente nas fronteiras irá sair perdendo dinheiro, além do risco de moeda falsa. Na cidade seguinte, procure uma casa de câmbio. O mesmo vale para Hotéis.
Regra geral é a proibição de entrada em outro país com frutas, carnes e alimentos perecíveis, portanto, evite levá-los.
As vistorias nas motos são muito comuns, portanto, não estranhe.
NÃO ESQUEÇA de guardar bem e em local seguro a "tarjeta de ingresso" no País, pois deverá entregá-la na saída. A perda deste documento, aparentemente sem maior valor, poderá lhe trazer sérios transtornos.
Por fim, NÃO ESQUEÇA de levar uma cópia da chave da moto (pode perder a principal). Deixe-a sob os cuidados de outro companheiro.
NÃO ESQUEÇA de fazer cópia de todos os documetos pessoais e da moto, pois em caso de perda as cópias lhe serão úteis. Da mesma forma, entregue-as aos cuidados de outro companheiro.
De resto, desejamos a todos uma boa viagem, ponderação e calma nas estradas e, especialmente, fronteiras.
Calma e bom senso nunca são demais!