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ANOTAÇÕES DE VIAGEM...
Caro Alexandre,
Para algumas pessoas usar o tratamento de "amigo" não é o mais apropriado,
mas para quem sabe a extensão de seu significado é o que basta.
Eu tive um irmão que acompanhou e curtiu tanto quanto eu os preparativos
para aquela nossa viagem de 2005, mas que por determinação Suprema,
30 dias antes de nossa partida teve um infarto fulminante e faleceu,
sem sequer conhecer aquela GoldWing preta que eu havia comprado.
Não deu tempo para nada, senão viajar com o coração enlutado.
No entanto, DEUS sempre deixou Sua Mão sobre mim e naquela
mesma viagem, como compensação, fez com que nos aproximassemos
cada dia mais e nesse caso, gradativamente, transformou minha amizade
por ti, para considerá-lo desde então, aquele irmão que perdi, embora
mais velho e rabugento, cujos antídotos para esses males ainda
não foram descobertos..... fazer o que senão aguardar a evolução científica...
Vejo que sempre levas um livro contigo e que me diz ler constantemente.
Eu já lí muito em minha vida, desde os necessários e indispensáveis
ao trabalho, como os que me aguçavam o simples prazer da leitura.
Hoje leio muito pouco, mas do pouco que leio tiro coisas interessantes
que vou anotando para ler nas noites de insônia e viajar no tempo.
Outro dia lí em um mail que recebi e por achar que tem muito a ver comigo,
guardei alguns fragmentos que diziam:
"Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos
grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em
sulcos profundos em meu rosto.
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa
menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais.
Eu ganhei o direito de estar errado." ........" A idade me libertou. Eu gosto
da pessoa que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui,
eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me aperriar).
Que nossa amizade nunca se separe porque é direto do coração!"
De igual forma, por achar uma estampa da minha vida, guardei há
muito tempo um escrito do Jornalista Mexicano Armando Fuentes
Aguirre (Catón), uma inteligente crítica que fez a Revista Fortune por
não incluí-lo na relação dos homens mais ricos do mundo.
Disse ele:
“Tenho a intenção de processar a revista "Fortune", porque fui vítima
de uma omissão inexplicável. Ela publicou uma lista dos homens mais
ricos do mundo, e nesta lista eu não apareço. Aparecem: o sultão de
Brunei, os herdeiros de Sam Walton e Mori Takichiro. Incluem
personalidades como a rainha Elizabeth da Inglaterra, Niarkos Stavros,
e os mexicanos Carlos Slim e Emilio Azcarraga. Mas eu não sou
mencionado na revista.
E eu sou um homem rico, imensamente rico.
Como não, vou mostrar a vocês:
Eu tenho vida, que eu recebi não sei porquê, e saúde, que conservo
não sei como.
Eu tenho uma família, esposa adorável, que ao me entregar sua vida
me deu o melhor para a minha; meus filhos maravilhosos dos quais
só recebi felicidades, netos com os quais pratico uma nova e boa paternidade.
Eu tenho irmãos que são como meus amigos, e amigos que são
como meus irmãos.
Tenho pessoas que sinceramente me amam, apesar dos meus
defeitos, e a quem amo apesar dos meus defeitos.
Tenho quatro leitores a cada dia para agradecer-lhes porque
eles lêem o que eu mal escrevo.
Eu tenho uma casa, e nela muitos livros (minha esposa iria dizer
que tenho muitos livros e entre eles uma casa).
Eu tenho um pouco do mundo na forma de um jardim, que todo ano me
dá maçãs que iria reduzir ainda mais a presença de Adão e Eva no Paraíso.
Eu tenho um cachorro que não vai dormir até que eu chegue, e
que me recebe como se eu fosse o dono dos céus e da terra.
Eu tenho olhos que vêem e ouvidos para ouvir, pés para andar e
mãos que acariciam; cérebro que pensa coisas que já ocorreram a outros,
mas que para mim não haviam ocorrido nunca.
Eu sou a herança comum dos homens: alegrias para apreciá-las e
compaixão para irmanar-me aos irmãos que estão sofrendo.
E eu tenho fé em Deus que vale para mim amor infinito.
Pode haver riquezas maiores do que a minha?
Por que, então, a revista "Fortune" não me colocou na lista dos homens
mais ricos do planeta? "
E você, como se considera? Rico ou pobre?
Há pessoas pobres, mas tão pobres, que a única coisa que possuem
é ... DINHEIRO."
Pois é meu irmão!
Digo isso para te agradecer a oportunidade de me orgulhar em
dizer "Fui ao Alasca de motocicleta, junto com o Alexandre."
Claro que brigamos, discutimos, ficamos alguns quilômetros sem
conversar (ainda bem que não tinha rádio...), mas na solidão de nossos
capacetes avaliávamos o que tinha ocorrido e logo em seguida tudo
voltava ao normal, porque temos a mesma dignidade, o mesmo caráter
e a mesma teimosia.
Foram desta vez pouco mais de 20.000 kms de alegrias, felicidades,
satisfação, realização e muito acerto ( é difícil ter que reconhecer que
acertastes todas no GPS de 42 polegadas...).
Foram belíssimas paisagens que na velhice teremos a satisfação de
assistirmos juntos o DVD e recordarmos esses momentos, tomando um
bom vinho ou quem sabe um Xarope.
Foram decisões acertadas e prudentes, como a de deixar de irmos a
Prudhoe Bay para assegurar nossa integridade física, especialmente
naquele fim-de-mundo onde estávamos, longe de socorro para as motos
e para nós mesmos.
Para mim, como disse, não tenho que provar nada para ninguém e
me basta ter chegado a Fairbanks..... cá pra nós... longe pra caramba....
O importante é que fomos e voltamos firmes, sãos, fortes e unidos,
guiados e protegidos por nossos caráter e dignidade.
Para mim, dei a prova para alguns desafetos de que "nunca devem
subestimar a força das pessoas", achando que só eles podem e que
sem eles ninguém vai a lugar nenhum..... idiotas e infelizes que
seguramente, de modo furtivo iam ao site para saber mais da viagem
e, por certo, sofriam muito com nossas alegrias, satisfações e
acertos... danem-se eles...
Não tenho Confrades, não quero e nunca alimentarei falsos amigos,
estes na verdade, os quero distante, pois esse é meu temperamento,
meu caráter, minha dignidade e minha maneira de ser, o que me fez
ser reconhecido e anunciado como "ranzinza", mas como dito
antes, "embora rico, tenho direito de ter defeitos"...
Estou na idade e em um estágio da vida, que me basta estar só
ou apenas conviver com aqueles poucos que
reconheço "amigos de verdade", fato que me poupa de decepções
e dissabores.
A par do agradecimento, quero também me desculpar por alguma coisa
que durante a viagem tenha involuntariamente feito ou dito, mas que
estavam em desacordo com o
momento ou ocasião, mas peço que credite ao estresse normal de
uma viagem desse porte.
Por fim, ao agradecer a DEUS por toda essa viagem, me resta apenas
aguardar que num futuro breve possamos novamente estar juntos,
gastando gasolina e pneus nas estradas de algum Continente desse
nosso planeta e acima de tudo, desfrutando a vida.
Receba pois, um forte e fraternal abraço desse seu velho e ranzinza
amigo e irmão,
César
Pois é meus amigos, Ontem quando postei a mensagem anterior dizendo que como raridade tivemos um dia praticamente sem chuvas...quebrei a cara, pois hoje tivemos trechos bastante grandes de chuva forte. No geral a viagem está muito boa, bem diferente das anteriores, onde fizemos pouco mais de 900km por dia para cada trajeto e hoje apenas 750km+-. Nosso retorno de Fairbanks até aqui em Chilliwack (Vancouver), foram 4 dias de viagem, onde rodamos aproximadamente 2.078 mi ou 3.344 km, em 40 horas de pilotagem. Estamos ótimos e viemos dormir numa localidade que fica a 100km de Vancouver, pois quando aqui chegamos ainda chovia. Assim, amanhã seguiremos para Seattle, ou seja, retornaremos para os States. O Hotel (Best Western) é de excelente qualidade, muito bem decorado e uma cozinha de primeira. A saladinha que comi hoje estava muito além da espectativa... De resto, tudo calmo e agora vamos descansar para amanhar tocarmos adiante. Um abraço e até breve, César
Finalmente, depois de dois dias pilotando sob chuva, sol, vento e péssimas estradas, chegamos a Prince George sem chuva pela estrada e após um pernoite em Fort Nelson.
Amigos, Muita chuva, frio de queimar a pele e arder os ossos e uma péssima estrada, cheia de buracos, depressões e outras armadilhas que obrigam a todos que por ela transitam, a ter o maior cuidado e não despregar os olhos da pista. Foram 949 km de Fairbanks até aqui onde estamos, na cidade de WhiteHorse-CA, sob aquelas condições, e por que não dizer, também com sol em alguns poucos momentos. Amanhã seguiremos cedinho para FORT NELSON, distante daqui 952 KM. César
THE LAST FRONTIER..... Meus Amigos, |
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